Essa terra verde ao lado é um mofo só!
Deve estar a pelo menos uma década esquecida num quarto pouco iluminado e cheio de infiltrações, onde antes possívelmente vivia alguem.
Em meio a um cheiro forte e muito entulho, chamavam a atenção nesse cômodo, um abajur, um papel de carta e uma sandália vermelha bem gasta, com a marca do pé da antiga dona, encardido na palmilha.
De perto, via se que a letra escrita na carta, era de mulher, possivelmente da moça que morava ali, e apesar do papel estar velho e rasgado, dava pra ler que era endereçado a uma tal Jussara.
Imaginei o dia em que o abajur foi comprado. A vitrine, o desejo, o dinheiro gasto, a luz, e a pouca luz que ele proporcionou, o que viu e deixou de ver.
Em que ano será que foi ?
E a sandália, que foi feita pra ficar roçando nos pés de uma mulher, humm... que sorte, né ? até onde pode ter levado essa moça ? Será que ela tinha alquem ? e a Jussara? quem era ? Onde estaria naquele exato momento a atendente que vendeu a sandália ? será que está feliz ?
Fiquei uns cinco minutos viajando. A noite imaginei mais um pouco, pensei até em fazer uma música, mas não aguentei, caí no sono.
Até breve.
Fernando Persiano