quinta-feira, 28 de abril de 2011

Um abajur, um papel de carta e uma sandália vermelha.


Essa terra verde ao lado é um mofo só!
Deve estar a pelo menos uma década esquecida num quarto pouco iluminado e cheio de infiltrações, onde antes possívelmente vivia alguem.

Em meio a um cheiro forte e muito  entulho, chamavam a atenção nesse cômodo, um abajur, um papel de carta e uma sandália vermelha bem gasta, com a marca do pé da antiga dona, encardido na palmilha.

De perto, via se que a letra escrita na carta, era de mulher, possivelmente da moça que morava ali, e apesar do papel estar velho e rasgado, dava pra ler que era endereçado a uma tal Jussara.

Imaginei o dia em que o abajur foi comprado. A vitrine, o desejo, o dinheiro gasto, a luz, e a pouca luz que ele proporcionou, o que viu e deixou de ver.
Em que ano será que foi ?

E a sandália, que foi feita pra ficar roçando nos pés de uma mulher, humm... que sorte, né ? até onde pode ter levado essa moça ?  Será que ela tinha alquem ? e a Jussara? quem era ?  Onde estaria naquele exato momento a atendente que vendeu a sandália ? será que está feliz ?

Fiquei uns cinco minutos viajando. A noite imaginei mais um pouco, pensei até em fazer uma música, mas não aguentei, caí no sono.


Até breve.

Fernando Persiano

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